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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Poluição Visual em Aracaju. Já é preciso atenção.



A poluição visual, caracterizada pelo uso abusivo de comunicação visual concebida com preponderante apelo mercantil, torna-se cada vez mais objeto de preocupação ambiental. Já não bastasse a abundante sinalização de trânsito, multiplicam-se ao longo de ruas e avenidas os outdoors, banners, luminosos, placas e cartazes com finalidade essencialmente comercial. Esses elementos sufocam, oprimem e concorrem pela atenção das pessoas, retirando cada vez mais o pouco de natureza presente no espaço urbano das cidades.

Existem outras formas de poluição visual que não estão ligadas diretamente à publicidade e à propaganda, como as pichações, o aglomerado de edificações, os fios de transmissão, o excesso de veículos e até o lixo que se junta nas ruas. São elementos que tornam a urbe feia aos olhos e de confusa assimilação, um lugar desagradável de se estar e transitar. As placas promocionais, entretanto, adicionam um componente a mais nesse já complicado cenário urbano, que é o da disputa intencional pela atenção do transeunte e de modo nada democrático. Sem o particular interesse as pessoas são obrigadas a consumir informação.

A falta de disciplina na utilização das placas de publicidade e de harmonia nas fachadas de prédios e casas comerciais contribuem para o agravamento da poluição visual, degenerando o sutil equilíbrio que ainda existe na interação do homem com o meio ambiente natural, aquele o menos artificialmente concebido. Falta espaço aberto, amplo, com vegetação e vida não humana para que o cidadão não se veja apenas como potencial comprador de algum produto, serviço ou mero consumidor informação.

A cidade de São Paulo já adota legislação específica regulamentando a veiculação de publicidade visual no espaço urbano. A Lei Nº 14.223, de 26 de setembro de 2006, é um bom exemplo, mas infelizmente ainda não foi seguido por outras capitais ou grandes cidades brasileiras. Aracaju, por seu tamanho, baixa concentração urbana e grande quantidade de áreas verdes que ainda tem, talvez nem devesse ser confrontada com essa realidade. Em uma rápida passagem pelas principais avenidas da cidade, se é que isso seja possível atualmente, já se percebe a disputa de espaço entre a cidade e toda forma de publicidade visual.

Olhando a pequena capital sergipana com olhos de quem se preocupa com o futuro próximo pensando em qualidade de vida, não agressão e conforto ambiental, percebe-se que este é o melhor momento para disciplinar a utilização de comunicação visual em logradouros, fachadas de prédios, comércios e até nos transportes coletivos. A ausência de regulamentação agora implicará prejuízos e custos desnecessários mais tarde, além de maior dificuldade para se negociar uma legislação específica com os agentes sociais diretamente envolvidos com o problema. A questão pode não ser urgente, mas merece atenção.


Por Hipérydes Albuquerque,
Jornalista do blog EcoSergipe

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